Artrite reumatoide afeta milhões de brasileiros

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Apesar de acometer milhões de pessoas, a Artrite Reumatoide (AR) é pouco conhecida entre os brasileiros.

Uma pesquisa recente, patrocinada por uma indústria farmacêutica mostrou que, do total de entrevistados no levantamento, 76% nada sabiam sobre a doença até o momento do diagnóstico. E cerca de 90% daqueles que já dispunham de alguma informação tinham familiares com AR e nem sabiam. A pesquisa mostrou ainda que 25% dos brasileiros levaram no mínimo dois anos, entre o aparecimento dos primeiros sintomas e a identificação da doença.

Para o médico reumatologista Marco Rocha Loures, a artrite reumatoide é uma doença “invisível”, porque nem sempre as suas manifestações mais aparentes como as deformidades, estão presentes. “Sintomas como a dor e a fadiga crônica, são mais subjetivos e dependem da percepção individual. Além disso, muitos pacientes relatam que a dor “caminha” pelo corpo, e, às vezes, cessa por algum tempo”.

Em função dessa característica, um indivíduo que hoje manca com a perna direita, por exemplo, em pouco tempo poderá apresentar dificuldades com a perna esquerda, e, logo depois – andar normalmente. Essa ambiguidade de comportamento faz com que muitos pacientes passem por experiências constrangedoras: 51% deles disseram que alguém já duvidou de que estivessem realmente doentes. Outros 48% foram acusados de fazer “corpo mole”. E 38% sentiram que foram olhados de maneira diferente na rua.

Loures explica que isso acontece porque a AR é uma doença sistêmica crônica. “Por ser sistêmica, significa que ela pode afetar diversas partes do organismo (embora atinja principalmente as articulações); por ser crônica, não se consegue obter a sua cura (e sim o seu controle). A causa ainda é desconhecida, mas sabe-se que é autoimune, ou seja, os tecidos são atacados pelo próprio sistema imunológico”.

A doença afeta entre 0,5% e 1% da população mundial adulta e cerca de três vezes mais mulheres do que homens. Outro estudo, de 2004, mostrou que a incidência da AR no Brasil é de 0,46%. Além disso, pessoas com histórico familiar de artrite reumatoide têm mais risco de desenvolvê-la, devido a uma maior predisposição genética.
“Os principais sintomas são: dor, inchaço, rigidez e inflamação nas membranas sinoviais e nas estruturas articulares. Com a progressão da doença – e se esta não for tratada adequadamente –, os pacientes podem desenvolver incapacidade para a realização de suas atividades cotidianas. Na artrite reumatoide, o sistema imunológico, responsável por proteger o nosso organismo de vírus e bactérias, também ataca os tecidos do próprio corpo –especificamente a membrana sinovial, uma película fina que reveste as articulações”, informa Marco Rocha Loures.

Se não for tratada adequadamente, a inflamação persistente das articulações pode levar ao comprometimento das juntas, provocando deformidades e limitações nas atividades do dia a dia. Apesar dos avanços nas pesquisas, a causa da artrite reumatoide ainda é desconhecida. Porém, a maioria dos cientistas concorda que a combinação de fatores genéticos e ambientais é a principal responsável.

Pesquisas sugerem que agentes infecciosos, como vírus ou bactérias, podem provocar a doença em quem tem propensão genética para desenvolvê-la. Além da resposta do organismo a eventos estressantes como trauma físico ou emocional, outra possibilidade são os hormônios femininos, uma vez que a incidência é maior nas mulheres.
“Fumar também pode ser um causador, pois há um alto risco de pessoas com um gene específico desenvolverem artrite reumatoide, além de ser um vício que pode aumentar a gravidade da doença e reduzir a eficácia do tratamento”, revela o reumatologista.